Sobre Tatuagem
A tatuagem é uma das formas de modificação do corpo mais conhecidas e cultuadas do mundo. Trata-se de uma arte permanente feita na pele humana que, tecnicamente, consiste em uma aplicação subcutânea obtida através da introdução de pigmentos por agulhas. Esse procedimento, durante muitos séculos, foi completamente irreversível (embora, dependendo do caso, as técnicas de remoção atuais possam deixar cicatrizes e variações de cor sobre a pele). A motivação para os cultuadores dessa prática é ser uma obra de arte viva e temporal tanto quanto a vida.
Historia
Primeiras tatuagens
Existem muitas provas arqueológicas que afirmam que tatuagens foram feitas no Egito entre 4000 e 2000 a.C. e também por nativos da Polinésia, Filipinas, Indonésia e Nova Zelândia (maori),tatuavam-se em rituais ligados a religião.
Os Ainu, um povo indígena do norte do Japão, tradicionalmente tinham tatuagens faciais, assim como os austro-asiáticos. Hoje, pode-se encontrar em diversas etnias espalhadas pelo mundo o costume de se utilizar tatuagens faciais, entre estes povos tem se os berberes do Norte da África, os iorubas, os fula e hauçás da Nigéria e os Māori da Nova Zelândia.
Múmias tatuadas foram recuperadas de pelo menos 49 sítios arqueológicos, incluindo locais na Groenlândia, no Alasca, na Sibéria, na Mongólia, no oeste da China, no Egito, no Sudão, nas Filipinas e nos Andes.
Estes incluem Amunet, Sacerdotisa da Deusa Hathor do antigo Egito (c. 2134-1991 aC), múltiplas múmias da Sibéria, incluindo a cultura Pazyryk da Rússia e de várias culturas em toda a América do Sul pré-colombiana.
Em 2015, a reavaliação científica da idade das duas mais antigas múmias tatuadas conhecidas, identificou Ötzi como o exemplo mais antigo atualmente conhecido. Este corpo, com 61 tatuagens, foi encontrado embutido em gelo glacial nos Alpes, e datado de 3.250 aC
Tatuagens na Europa Antiga e Medieval
Os registros escritos em grego sobre tatuagens datam de pelo menos o século V aC. Os antigos gregos e romanos usavam tatuagens para penalizar escravos, criminosos e prisioneiros de guerra. Embora conhecida por estes, a tatuagem decorativa era desprezada e a tatuagem religiosa continuou sendo utilizada quase que exclusivamente no Egito e na Síria após a anexação romana. Porém mais tarde os romanos da antiguidade tardia também passaram a ter o costume de tatuar soldados e fabricantes de armas, uma prática que continuou no século IX.
As tribos germânicas, celtas e outras tribos da Europa central e setentrional pré-cristã possuiam o costume de utilizar tatuagens, de acordo com registros sobreviventes, mas também pode ter sido tinta normal. Os pictos da Escócia podem ter sido tatuados com desenhos elaborados, inspirados na guerra, em preto ou azul escuro (ou, possivelmente, cobre para tons azuis). Júlio César descreveu essas tatuagens no Livro V de sua obra Guerras da Gália (54 aC). No entanto, estas podem ter sido marcas pintadas em vez de tatuagens.
Ahmad ibn Fadlan escreveu sobre o seu encontro com uma tribo escandinava da Rússia no início do século 10, descrevendo-os como tatuados de "unhas a pescoço" com "padrões de árvore azul escuro" e outras "figuras". No entanto, isso também pode tem sido pintado, uma vez que a palavra usada pode significar tatuagem e pintura.
Durante o processo gradual de cristianização na Europa, as tatuagens eram muitas vezes consideradas elementos remanescentes do paganismo e geralmente proibidas legalmente. A Igreja na Idade Média baniu a tatuagem da Europa (Em 787, ela foi proibida pelo Papa), sendo considerada como uma prática demoníaca, comumente caracterizando-a como prática de vandalismo no próprio corpo, afirmando em sua doutrina como maneira de vilipendiar o templo do Espirito Santo, o corpo, levando seus fiéis a uma forma verdadeiramente reta de louvor a Deus. Esta posição da Igreja nesta época veio a partir de uma interpretação do livro de Levítico, um livro do Antigo Testamento. De acordo com Robert Graves em seu livro "The Greek Myths", a tatuagem era comum entre certos grupos religiosos no antigo mundo mediterrâneo, o que pode ter contribuído para a proibição da tatuagem entre os judeus, como se pode-se ver no terceiro livro da Torá, o Levítico.